quinta-feira, 25 de outubro de 2018

RESISTA!!


Na noite de ontem Roger Waters relatou aos cariocas um mundo de ganância, intolerância, discriminação, preconceito, racismo, torturas e muitas mazelas. Com tudo, ele mostra que é possível mudar, depende de nós, juntos contra eles. RESIST é a palavra de ordem. 

O show faz parte da tour mundial, Us + Then que na America do Sul começou por São Paulo, causando grande rebuliço por conta do momento político do Brasil. Bate boca entre fãs, vaias e inserções de acontecimentos marcantes e recentes marcam a passagem do músico pelo Brasil, o show ainda passará por Curitiba dia 27 e Porto Alegre, dia 30.

A fábrica de porcos e cães

Para contar a emoção do que foi ver de perto, a reação do publico e avaliar o que pode se esperar do Brasil impactado pelo show, Radio Piratha conta com o depoimento de dos amigos Nem Queiroz e Ivanir Vasconcellos. Vamos a eles.

Nem Queiroz é fotografo, poeta e músico. Ele conta assim...

Como alguém ainda pode pensar em votar contra a democracia depois de assistir a um show desse!?

Com pontualidade britânica, pouca gente se deu conta, mas o painel gigante e comprido do palco acendeu exatamente as 21:00! Uma imagem de uma praia deserta, onde em primeiro plano havia um único ser humano sentado numa das quatro cadeiras de praia abandonadas na areia, e de costas pra gente, observando o horizonte! Tudo num silêncio despercebido, e aos poucos , com as luzes ainda acesas e o público chegando, muito sutilmente, o mar ía se afastando e o céu mudando de cor, até que no findo de 20 minutos, tudo se escarneceu, o céu ficou vermelho e uma explosão se deu! 

Começava ali, de fato, me corrijam se não concordarem, o melhor show do ano!!! 

Roger Waters no seu melhor e peculiar estilo, destilou por exatas 3 horas seus maiores sucessos. De "I Wish you here" a "Confortably number", com um número para a eternidade de "Another brick the wall", inesquecível, pode imaginar o que quiser de som e fúria e imagens obviamente, que estavam lá!!! Só pra começar, foi assim "Breathe"; "One of these days" e " Time" e tudo com o auxílio luxuoso de um painel deslumbrante e imagens idem!

No telão gigante a busca pela união

Não demorou muito para se ouvir o grito, feito um rito, de "ele não!", Quase uníssono, (divergido por no máximo 10% da platéia) que rasgava a garganta como se apoiasse mais o astro da noite que propriamente o inominável em questão! A surpresa da noite, - entre críticas a Donald Trump, fuzilado em "Pigs", onde um porco inflável e gigante, com os dizeres "Sejam humanos" flutuava sobre nossas cabeças, num número já esperado mas quem nem por isso, de menor valor; e frases, no muro da fábrica projetada em tamanho natural atrás do palco, contra o fascismo do mundo, com a também não menos aguardada frase "Nem fodendo!" que levou o público que lotou o Maracanã, apesar da chuva (ninguém arredou o pé) ao delírio.

O porco voador com a mensagem direta - Seja Humano

A surpresa da noite foi a linda homenagem a Marielle Franco feita categoricamente por um emocionado Roger Waters, que chamou ao palco a família da vereadora morta há 7 meses! Ovacionada por um Maracanã emocionado e lotado, pedindo justiça! Roger vestiu a camisa com o escrito "Lute como Marielle Franco" e tocou as duas últimas da noite chuvosa (fechou com Confortably Numb)!



Eram exatos 00:11 quando a pirâmide feita de raios lasers em frente ao palco se apagou e explosões pirotécnicas anunciaram o fim de tudo! Um show pra ficar na memória e no coração de todos com certeza! E pelo caldeirão que foi, Waters deve ter convencido muita gente de que que está realmente do lado certo da história! Espetacular! 

 Por Nem Queiroz_ o fotógrafo observador! 

Fotos de Miriam Sena, minha esposa! Pegando jeito! Hehe!



Ivanir Vasconcellos, jornalista e professor  descreve a sua visão

Já vi grandes shows de astros internacionais, tive o privilégio de ver Bob Dylan, de ver os Stones cantar cantar "I Like Rolling Stones" com o próprio Dylan, vi Eric Clapton num show antológico na Apoteose, mas ontem, ontem foi demais. 

Não bastasse a excelência poética e melódica da música do Pink Floyd e de Waters, tinha pirotecnia com tecnologia de alto nível e uma aula de civilização e de resistência ao Fascismo e ao Grande Capital, com imagens que iam das bombas terroristas jogadas sobre o Japão, às de crianças catando lixo, de pessoas comuns andando no meio de rua, às de grandes líderes internacionais, Waters mandou um recado seminal. Ele rasgou as vísceras do sistema opressor que, privilegia o Capital em detrimento do Homem e nos mandou um recado no porquinho símbolo de um dos discos do Floyd: "seja humano". Sensacional e emocionante.

RESIST - SOMOS NÓS CONTRA ELES

Dois momentos em especial emocionaram a platéia. O primeiro, quando ele chama ao palco um coral de crianças para cantar "Another Brick In The Wall" e ao final, elas abrem seus macacões para mostrar a palavra "RESIST". 

O segundo, quando ele homenageia a Vereadora de origem pobre, favelada, negra, mulher e homossexual Marielle Franco, chamando sua FAMÍLIA ao palco e termina o show com uma camisa homenageando a Vereadora assassinada. 

Evidentemente, aí foi demais para alguns, que silenciosos se retiraram. Eles estavam no show errado.

Agradeço muito pela oportunidade que tive ontem. Espero que, aqueles que lá estavam e que pensam em votar no Candidato do Mal, reflitam bem na hora de digitar seu voto, se for difícil pensar, que lembrem do que escutaram e viram ontem naquele show.