1984. O
mundo era uma merda, muito pior do que George Orwel havia previsto. Não existia
internet! O Brasil acabava de sair de uma ditadura sinistra. Bandas como
Absyntho e Dr. Silvana dominavam as paradas com cagalhões que faziam você
querer ter nascido com os tímpanos estourados. Na periferia da grande São
Paulo, jovens se reuniam em muquifos fétidos para celebrar o ódio e a
desesperança em noites de pura distorção e barulho. Quatro deles, João Gordo,
Jão, Jabá e Mingau eram conhecidos pela hecatombe punk que promoviam quando
subiam no palco. Eles ficaram nacionalmente conhecidos como os RATOS DE PORÃO.
Graças a
eles, o Brasil entrou no circuito punk mundial chutando e porrando sem
clemência! E o grande responsável foi um petardo que salvou a vida de muitos
jovens daquela época, o primeiro disco dos caras, intitulado a partir do
sentimento que imperava em seus corações odiosos: CRUCIFICADOS PELO SISTEMA!
2014.
Trinta anos depois, musicas como “Caos” (Essa vida é um caos/ Esse mundo é um
caos / Só nos resta morrer / Pra se livrar desse caos) e Agressão/ Repressão (É
preciso mudar o sistema policial / Porque eles tao matando a pau / Gente
inocente) continuam tremendamente atuais. Nada mais justo que reunir a formação
original que gravou o disco para tocar essas e todas as outras músicas que
imortalizaram esse disco no palco que os recebeu pela primeira vez no Rio de
Janeiro.
Os
cariocas das bandas Os Estudantes e Gangrena Gasosa abriram a noite podreira no
Circo Voador. Os Estudantes surgiu das cinzas de outro combo clássico, o Claro
Que Não. Nascidos e criados na zona sul carioca, eles são responsáveis por
alguns dos shows mais velozes e energéticos que o Brasil ja viu. Até a Maximum
Rock n roll, a bíblia punk mor baba o ovo dos caras.
Formada no Rio de Janeiro no início da década de 90, o Gangrena Gasosa, mistura elementos da cultura afro-brasileira com metal hardcore e pontos de Candomblé. Essa solução surpreendente de metal com dogmas religiosos desconstroi estereótipos da cultura underground.