sábado, 20 de junho de 2015

Sepultura 30 anos

O público que curte metal é como aquela torcida de futebol apaixonada, que reserva um lugar no coração para seus ídolos. Está sempre disposto a aplaudir, a urrar seus hinos, com a diferença de ser uma comunidade unida, sem rivalidades e sempre disposta a se divertir ao máximo e sem violência.


Uma banda que está na estrada a 30 anos, merece respeito de seu público e uma comemoração a altura. Se essa banda tem origens brasileiras e é admirada em todo o mundo, o respeito, a paixão, a diversão, os urros, as rodas aumentam e o stage diving é frequente.




Foi assim que o Sepultura, comemorou, no mítico Circo Voador, sua carreira de sucesso. Começando pelo seu ultimo album com The Vatican fez passagem nas idas e vindas do tempo e deu aos headbangers motivos suficientes para suar a camiseta preto, mesmo numa sexta feira fria e chovosa no Rio de Janeiro.





O Sepultura passou por várias mudanças em sua formação. O único integrante que deu início a essa jornada é o baixista Paulo Jr. O guitarrista Andreas Kisser, o grande vocalista Derrick Green e o mais novo e jovem integrante, o baterista Eloy Casagrande entraram ao longo do tempo. Nem por isso perderam o peso e a vontade de ir em frente encantando seus seguidores por toda a parte.  A renovação faz parte desse contexto. 


"Implacável e incansável, rompendo a barreira inexorável do tempo, o grupo se notabilizou pela persistência. Recusar. Resistir. Empurrando o tempo sempre para o adiante. Respeitando o passado, vivendo o presente, porém levando para a frente todos os aconteceres. A necessidade, rubra de tão forte, de seguir sempre adiante. A incrível capacidade de ser, ao mesmo tempo, história e futuro." Está escrito no site da banda, uma prova de ainda há muito por vir.

A performance esmagadora é descrita em detalhes na colaboração luxuosa do amigo Rafael Cabral.

"O Sepultura passou feito rolo compressor pelo palco do Circo Voador e causou uma erupção na fria e chuvosa noite da Lapa na última sexta-feira, 19 de junho, com o show de sua turnê de 30 anos, suando sangue em um esmagador set de 32 tijoladas executadas com raça e firmeza. 



O começo acachapante teve a nova chicotada "The Vatican", do excelente "The Mediator Between Head and Hands Must Be The Heart", derrubando de cara qualquer dúvida quanto à atual potência de Andreas Kisser & Cia, com destaque para a performance impiedosa do assombroso Eloy Casagrande, um autêntico espancador de bigornas alçado ao posto de baterista de Heavy Metal. Pouco disposto a dar trégua, o Sepultura se lançou como um bólido pra cima de seu vasto catálogo, emendando clássico atrás de clássico sem a menor cerimônia - "Propaganda", "Inner Self" e "Dead Embryonic Cells" só faltaram derrubar todo o sistema de P.A's do Circo. 


A primeira canção gravada com Derrick Green veio em seguida, carregando em seu arranjo toda a pressão enfrentada pela banda na época do lançamento - não à toa, "Choke" é pesada pra diabo! O estilo inconfundível de Andreas Kisser é dominante, mesmo rivalizando com um baterista que mais parece usar martelos no lugar de baquetas e da trovoada produzida pelo gogó de Derrick, em uma colossal avalanche de distorção cuspida pela inusitada 'parede' de amplificadores Orange posicionada atrás do guitarrista.



"Troops of Doom", faixa do seminal EP de estréia "Morbid Visions" e presença frequente no set list, ganha sentido extra em virtude da comemoração de três décadas de atividade, cujo caráter revisionista rende ainda a incomum "From The Past Comes The Storms", primeira música de "Schizophrenia", pouquíssimas vezes executada pelo grupo em suas últimas turnês.

O inclemente desfile de petardos contempla também os fãs noventistas. A festejada trinca formada por "Territory" e os covers para "Polícia" (Titãs) e "Orgasmatron" (Motörhead) promove um dos momentos mais insanos da apresentação, incendiada de vez pela saraivada de riffs da sensacional "Arise" e pela força descomunal de "Refuse/ Resist"- devastação (quase) completa!


A volta para o bis trouxe o clima diabólico da fundamental "Bestial Devastation", extrema como os tempos enfrentados pelo incipiente metal nacional no início dos anos 80, introduzindo a sequência de faixas escolhidas pelo público para o show - entre elas, mais uma pérola desenterrada do primeiro EP, "Necromancer" com seus 3 minutos e meio de absurda agressão sonora, e a loucura de "Cut-Throat", do influente "Roots". À essa altura, o público 'exigia' em uníssono a inclusão de "Biotech is Godzilla", o monstruoso libelo anti-tecnológico thrash/industrial de "Chaos A.D" - antes de atender ao clamor popular, um nostálgico Andreas citou até Igor Cavalera ao lembrar a aparição junto ao ex-companheiro tocando a música com Jello Biafra durante o show do ex-vocalista dos Dead Kennedys na Rio 92.


A breve exceção aberta despertou a esperança de que a banda ficasse por lá a noite inteira atendendo à pedidos, e dá-lhe berros de "Desperate Cry", "Escape to The Void" e "Mass Hypnosis", entre outras. "Ratamahatta" tirou o Sepultura dessa 'enrascada' causando combustão no picadeiro da Lapa, o cenário ideal para a vulcânica performance de "Roots Bloody Roots" encerrar a festa fazendo a alegria dos que ignoraram a chuva para viajar pelos 30 anos de carreira da banda brasileira de maior expressão no cenário metálico mundial. Que venham mais 30!


Fotos e Edição: Cleber Junior
Textos: Cleber Junior & Rafael Cabral

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Completar 30 anos de carreira não é para qualquer banda.É preciso comemorar em grande estilo essa data, por isso, no dia 19 de junho, o SEPULTURA promete fazer um show histórico no Circo Voador desfilando os seus maiores sucessos.

Ao longo da sua existência, estes brasileiros saídos de Minas Gerais tiveram como marca a vanguarda na música pesada mundial. Thrash metal, death metal, black metal, groove metal, nu metal, hardcore e metalcore.


Primeiro o grupo conquistou o mundo, para depois ser visto em seu próprio país. Dos tempos mais inóspitos do underground brasileiro, de álbuns ríspidos e crus como Bestial Devastation e Morbid Visions, passando pela chegada de Andreas Kisser (guitarra), no lugar de Jairo Guedes, e a evolução técnica do Schizophrenia até estourar, definitivamente, nas paradas internacionais. Primeiro com o Beneath the Remains, depois os discos de ouro que se sucederam com Arise, Chaos AD e Roots.


Nem mesmo a saída do vocalista Max Cavalera, em 1996, fez com que a banda desistisse. Derrick Green trouxe ao Sepultura a versatilidade de sua amplitude vocal. E com o Fumaça à frente dos microfones, o grupo seguiu adiante: Against, Nation, Roorback e Dante XXI.

Dez anos depois da partida de Max, nova saída. Menos traumática do que a anterior, mas não menos impactante. Igor Cavalera (bateria), co-fundador do grupo, deixava o Sepultura. Com Jean Dolabella nas baquetas, A-Lex e Kairos ecoaram o nome do Sepultura nos quatro cantos do mundo.

O ano de 2011 se aproximava do fim quando Jean deixou a banda. Em seu lugar, entrou o pequeno prodígio de nome Eloy Casagrande - que sequer tinha dois meses de idade quando o álbum Arise fora lançado em 1991. A chegada do garoto deu um novo gás ao Sepultura, que partiu para a estrada, levando na bagagem o peso da história e de sua música.


Lançado em 2013, The mediator between head and hands must be the heart é o álbum de estúdio que traz a banda ao seu 30º aniversário. Um petardo, variando entre canções rápidas, agressivas e brutais com outras em que o peso do groove forma um verdadeiro paredão sonoro. Um trabalho que mostra ao mundo que o Sepultura segue firme e forte.



Sepultura no Circo Voador! Vamos comemorar os 30 anos dessa banda foda!

Fonte: Release Circo Voador - Spotify - MTV - Photographer: Gabriel Wickbold