Do espaço reservado aos fotógrafos, enquanto aguardávamos a autorização para começar os trabalhos, víamos um palco simples, sem nenhum amplificador aparente, apenas uma plataforma preta e acima dela a bateria de Mikkey Dee, o lendário baterista do , agora participante enquanto James Kottak resolve pendencias particulares. Um ótimo prenuncio que lá de cima viria muita pancada no peito. O espaçoso palco era aumentado por uma passarela que avançava até o meio da pista reservada ao público que lotou o grande espaço do Metropolitan no Rio de Janeiro.
Dada a autorização para entrada do espaço destinado aos fotógrafos, a expectativa vai aumentando e o público percebendo a movimentação começa a participar com energia crescente. Cai a cortina e vemos os cinco senhores mandando ver logo de cara, a plataforma preta, é na verdade o telão de alta resolução, que serve de fundo para muita correria, guitarras ensandecidas, o vocal de Klaus Meine em dia e lá de cima Dee, esmurrando, como se esperava, a bateria e uma sequência que enfileirou alguns clássicos da melhor fase da banda como "Make It Real", "The Zoo" e a instrumental e sensacional "Coast to Coast" deixando a platéia em êxtase. Pausa pra respirar e vamos em frente.
A banda diz que essa turnê é a ultima de sua longa carreira, quando comemora 50 anos de serviços
prestados ao rock 'n' roll e lança o álbum "Return To Forever", por isso a gente nunca tem certeza do que virá lá na frente. O jeito é aproveitar ao máximo!
Mais a frente uma sequência acústica que leva os cinco participantes para a beira da passarela, para tocar aqueles hits pegajosos que aumentou consideravelmente o público da banda, mas em outra sintonia. Achei um pouco longo, mas, há de se considerar que as baladas são lindas, bem tocadas e o público adora cantar junto e jogar os braços de um lado para o outro. Já que é pra aproveitar, vamos nessa!
"Rock 'n" Roll Band" do novo álbum, é excelente, serve para lembrar a todos o quem é o Scorpions, duelos das guitarras de Rudolf Schenker, em ótima forma física, e Matias Jabs e o baixo do polonês Pawel Maciwoda, o mais recente e discreto integrante da banda. A partir daí o ritmo não cai mais, Meine lembra do primeiro Rock in Rio, a primeira vez que a banda andou por aqui e bota todo mundo pra cantar, à capela, "Cidade Maravilhosa". Um cover matador de "Overkill" homenageia o imortal Lemmy termina com o espetacular solo de bateria de Dee emendando "Blackout", "No One Like You" e "Big City Nights" para encerrar a primeira parte em alto estilo. No bis, balada "Still Loving You" é acompanhada em coro e "Rock You Like a Hurricane" fecha a tampa.
Todo mundo sai feliz, inclusive eu, lembro que tinha desistido do Scorpions em 2008, na sua ultima turnê por essas bandas, quando apresentou um show burocrático e sem graça. A banda recuperou um fã e me lembra que 50 anos de rock, não se conquista sem muito trabalho.
Foi um show pra se guardar com carinho.